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10/09/2021

Mercado de trabalho reage com nova realidade: vagas abertas e salário menor

Assessoria de Imprensa da FETERCESP

Mais emprego e menos dinheiro para o trabalhador no fim do mês. Assim pode ser resumida a situação atual do mercado de trabalho no Brasil da pandemia. A renda média dos brasileiros com carteira assinada e informais está 9,4% menor do que a observada no fim de 2019. O governo comemorou o saldo de 316.580 novos trabalhadores contratados com carteira assinada em julho de 2021, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho. Mas, ao mesmo tempo, o salário médio de admissão caiu 1,25% na comparação com o mês anterior (R$ 1.801,99), queda real de R$ 22,72.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) aponta que, embora a taxa de desocupação tenha recuado para 14,1% no segundo trimestre, menos 0,6 ponto percentual em relação ao primeiro trimestre, o Brasil ainda tem 14,4 milhões de pessoas na fila do emprego. E o Boletim Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) de agosto, comprova que os reajustes ficam cada vez mais para trás da inflação: 50,5% dos acordos e convenções coletivas no país entre janeiro e julho tiveram correção abaixo da inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado até a data-base. O levantamento mostra que apenas 22,9% das negociações, no período, resultaram em ganhos reais (acima da inflação) e que 26,6% dos reajustes empataram com o INPC.

Segundo o economista Hugo Passos, com a crise sanitária, as empresas viram as receitas despencarem enquanto os custos não pararam de subir. Milhares de pessoas foram demitidas, por diversos motivos. “Quando a contaminação pelo coronavírus recuou, com a vacinação da população, as empresas voltaram a contratar, mas ofertando salários mais baixos”. Com o cenário bastante desafiador para o Brasil e inflação acima de 9% em 12 meses, “os ganhos de quem está empregado caíram 23%, em média, e, em alguns casos, para quem entrou em novo emprego, a queda foi de 78%”, informou Passos.

Sem mágica

Ramille Taguatinga, especialista em direito trabalhista da Kolbe Advogados e Associados, reforça que, como a competição por vagas é expressiva, os salários na oferta de emprego tendem a ser mais baixos. “Se um candidato não aceitar, o seguinte aceitará”, explica. “Isso significa que a mão de obra está mais barata, mas a qualidade não mudou. As grandes empresas continuam a lucrar bastante, com despesa de pessoal muito menor. Para os trabalhadores, por outro lado, o resultado é nefasto: anos de dedicação, formação única e currículo extenso não são refletidos nos salários.”

Para Ramille, não há fórmula mágica para o problema do mercado de trabalho no Brasil. “O que se pode fazer é aumentar a fiscalização e a sindicalização para que os empregados laboram em condições menos precárias e que, ao menos, o piso salarial seja respeitado. É sempre bom o trabalhador saber seus direitos, estar inteirado sobre os acordos coletivos de sua categoria e, principalmente, que saiba o valor do piso salarial para eventual negociação com o empregador. O trabalhador tem direito ao piso, bem como aos dispostos na Constituição, na CLT e nos acordos da categoria”, declara.

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