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22/11/2018

Informalidade volta a aumentar e reduz desemprego no 3º trimestre

Força Sindical

Depois de desacelerar por alguns meses, o mercado informal voltou a ganhar força e, assim, ajudou a diminuir o desemprego no país.

No terceiro trimestre, a taxa de desocupação caiu para 11,9%, dentro do esperado por economistas. No segundo trimestre e no mesmo período do ano passado, o percentual era de 12,4%, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa tem recuado desde março, quando atingiu 13,1%.

Com a criação de 1,3 milhão de empregos - dos quais cerca de 900 mil informais -, o país chegou a 92,622 milhões de pessoas ocupadas no terceiro trimestre, aumento de 1,5% na comparação trimestral e anual. O número de desempregados caiu para 12,492 milhões de pessoas.

De acordo com o IBGE, o emprego no setor privado sem carteira aumentou 4,7% no terceiro trimestre, em relação ao segundo, ou 522 mil postos de trabalho. O emprego com carteira também, cresceu, mas de forma bem modesta: 0,4%, ou 138 mil pessoas a mais.

Outra fonte relevante de ocupação dos brasileiros no período foi o trabalho por conta própria. São pessoas que trabalham sozinhas, sem patrão nem funcionários, um contingente que cresceu 432 mil (1,9%), a maioria - 300 mil - sem CNPJ, no mesmo período.

Contas feitas pelo Itaú Unibanco mostram que a carteira assinada no setor privado cresceu 0,2% no terceiro trimestre na comparação com o segundo. Já o conjunto das demais ocupações aumentou 1,7%.

A baixa criação de emprego formal na Pnad frustrou a expectativa do Santander, especialmente depois da forte geração de vagas em agosto e setembro mostrada pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que calcula os postos com carteira assinada no país. "A Pnad é uma amostragem, difere do Caged, mas houve uma pequena frustração com o dado", afirma Lucas Nóbrega Augusto, economista do banco, que previa desemprego de 11,8%.

Augusto observa que a lentidão do mercado de trabalho tem muito a ver com fraqueza da construção civil, setor que historicamente emprega muito, mas que ainda não aponta uma melhora de fato.

Bancos e consultorias costumam fazer um ajuste sazonal para entender como se comporta o desemprego de um trimestre móvel para o outro, o que dá uma ideia sobre o ritmo do mercado de trabalho. Sob essa perspectiva, a desocupação está entre estável e pequena queda. No cálculo de Alberto Ramos, do Goldman Sachs, e Daniel Duque, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), a taxa ficou estável em 12,1%. Nas contas do Itaú, cedeu de 12,2% para 12%.

Outro efeito da informalidade é que também aumentou o número de trabalhadores subocupados. São pessoas que trabalham menos de 40 horas semanais, mas que gostariam trabalhar mais. Eles são 6,86 milhões, um aumento de 5,4% sobre o segundo trimestre e um recorde. "O contrato de trabalho intermitente pode ter contribuído para esse aumento da subocupação", afirma Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

O crescimento do emprego precário também é em parte responsável pela desaceleração da renda média do trabalho, que caiu 0,3% na comparação com o segundo trimestre, quando subiu 0,3%, e cresceu apenas 0,6% em relação ao mesmo período do ano passado, quando aumentou 2,3%. "É uma alta real bastante tímida, mas natural em um mercado deprimido, com inflação mais alta e criação de empregos de baixos salários", diz Augusto, do Santander.

Para Daniel Duque, do Ibre-FGV, a desaceleração é esperada. "Estranho seria se continuasse crescendo acima de 1%", disse, observando que a atividade econômica e a ociosidade não incentivam elevações de renda.

Além de o mercado informal pagar menos, ocupações como conta própria sem CNPJ e trabalhador do setor privado e doméstico sem carteira assinada tiveram queda no rendimento real no terceiro trimestre.

A volta mais consistente do emprego formal ainda deve demorar mais alguns meses, na opinião dos economistas. A confiança do setor privado pode até melhorar agora que passou o período eleitoral, mas, além de o novo governo ainda estar na fase de formulação de propostas, qualquer impacto no emprego tende a ser defasado.

Ibre-FGV e Santander calculam que a taxa de desemprego média do ano deve ficar em 12%, pouco abaixo dos 12,7% do ano passado.

 

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